Para algumas pessoas, tirar a roupa e os sapatos ao entrar
em casa, lavar repetidas vezes às mãos e se preocupar com a possibilidade de
contaminação por agentes infecciosos não são apenas cuidados instalados em
decorrência da pandemia do COVID-19. São, antes, rituais compulsivos de ideias
obsessivas de contaminação. Falei grego? Vamos entender um pouco hoje do
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e as possíveis repercussões que a
pandemia atual poderá ter nesses casos.
O TOC acomete aproximadamente 1,2% da população dos Estados Unidos, com uma
prevalência ligeiramente maior em mulheres adultas do que em homens adultos1.
Possui uma idade média de início em torno dos 19 anos. Algumas pessoas podem apresentar
sintomas já na infância, sendo raro o início após os 35 anos.
Como o próprio nome sugere, os sintomas incluem pensamentos
obsessivos, repetitivos, como vozes ou imagens indesejáveis, desagradáveis
“dentro da cabeça”. Tais pensamentos tendem a levar o indivíduo a atitudes
compulsivas que, de forma inconsciente, tentam aplacar tais obsessões. Exemplos
são fixação por limpeza, simetria, contar objetos repetidas vezes ou mesmo
repetir palavras em silêncio.
Importante destacar que essas situações tendem a ser
excessivas e a causar prejuízo no cotidiano, algumas vezes tomando um bom tempo
do dia da pessoa acometida. Daí, não se pode diagnosticar todo mundo que é
“organizado” ou “limpo” como tendo TOC.
O TOC já foi considerado mais próximo dos transtornos de
ansiedade, mas hoje segue uma espécie de carreira
solo no mundo das doenças psiquiátricas: tem uma base biológica própria.
Ainda assim, níveis maiores de ansiedade, como o contexto da pandemia, podem
ser desencadeadores de TOC ou mesmo reativadores de sintomas
obsessivos-compulsivos que estão quietos, adormecidos. Outro ponto é que o TOC
pode vir associado a outros transtornos psiquiátricos, como depressão,
ansiedade generalizada e até sintomas psicóticos.
Assim sendo, procurar ajuda caso pensamentos invasores estejam rondando sua mente é imprescindível, ou caso
atitudes excessivas comecem a fugir do
controle (especialmente no que diz respeito à limpeza, nos dias atuais). Muitas
pessoas ficam presas numa tormenta de adoecimento por terem constrangimento de
expor essa fragilidade. Falar sobre isso, contudo, pode ser como entrar em um
navio rumo a águas mais calmas.
1 – APA. DSM V, 2013.

ótimo
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