sábado, 18 de abril de 2020

No Need to Say goodbye - Ansiedade Generalizada, Insônia e Medicamentos







O estresse faz parte da vida e o cérebro sabe disso. Quando estamos diante de situações desafiadoras, novas, nosso organismo entra em estado de alerta. São os estados de luta-ou-fuga. É a ativação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, ou eixo HPA, produzindo cortisol e gerando toda uma cascata de resposta a esse inimigo diante de nós: seja ele real ou imaginário.

Como Bentinho, sem saber se havia sido realmente traído por Capitu¹, podemos entrar facilmente numa hiperativação desse eixo – mesmo que não exista um leão diante de nós. É o estresse crônico que leva aos estados de ansiedade abrangendo todas as esferas da vida humana. Chamamos de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).

Preocupações excessivas em mais de uma área na vida; insônia; fadiga; sensações de “branco” na mente; nervos `”à flor da pele”: alguns desses sintomas de forma contínua por 6 meses em uma pessoa que não consegue mais funcionar (render) como antes indicam um possível TAG. São os estudos que estão fracassando ou o emprego que não está dando mais certo. Quem sabe aquele relacionamento que não está progredindo ou ainda uma indisponibilidade de fazer coisas novas? É a famosa da ansiedade atrapalhando tudo.

Uma das dificuldades citadas pelas pessoas com o TAG diz respeito a falta de sono. A insônia é um sintoma muito comum em boa parte da população. Não necessariamente se trata de um problema psiquiátrico e padrões de sono “leve”, próprios de cada pessoa, podem ser facilmente confundidos com outros transtornos. Mas em se tratando de qualquer tipo de insônia, uma boa higiene do sono se faz necessária: dormir quando estiver cansado, apagar as luzes cedo, evitar telas próximo ao dormir, não ingerir refeições hipercalóricas à noite e não fumar ou ingerir álcool são algumas dicas que ajudam.

Ainda na gama dos tratamentos não-farmacológicos, tanto o TAG quanto a insônia (sejam juntos ou separados) podem se beneficiar de uma boa psicoterapia. Existem técnicas específicas que podem auxiliar na ansiedade de uma forma geral – tanto buscando uma causa inconsciente para sua ansiedade estar tão elevada (psicodinâmica), quanto treinando o organismo a relaxar (cognitivo-comportamental) ou mesmo dando novos sentidos a vivências prévias desagradáveis (humanista-existencial). A atividade física também é um TRATAMENTO adjuvante aos demais. Ela libera BDNF, uma substância que auxilia na formação de novas conexões cerebrais, além de substâncias do prazer (serotonina) e endorfinas (que controlam a dor)².

E quando os remédios são necessários? Sempre que as medidas iniciais já comentadas não forem satisfatórias isoladamente ou ainda quando a intensidade do quadro for exacerbada. Vale ressaltar que os psicotrópicos, medicamentos usados para a mente, são de resposta individual. Assim sendo, não vale pegar emprestado ou usar sem receita médica. Atualmente, dispomos de uma plêiade de substâncias que podem ser utilizadas – umas mais arriscadas, outras mais leves. Converse com seu médico sobre as possibilidades terapêuticas e elaborem juntos um plano comum de manejo dos problemas ³.


Lembre, por fim, que a própria ansiedade é uma parceira importante em momentos certos. Se você tem TAG, insônia, ou qualquer outra coisa parecida, não há necessidade de dizer adeus a sua vida...



REFERÊNCIAS

1 – ASSIS, M. Dom Casmurro. Ed. Garnier (1899).
2 – MELLO, M.T. et al. (2005) O exercício físico e os aspectos psicobiológicos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Disponível aqui.
3 – STWART, M. Medicina Centrada na Pessoa. 3ª edição. Artmed.

Fonte da imagem :  Blog da Saúde - Ministério da Saúde

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