Grandes ou pequenas, simples ou rebuscadas, descomplicadas ou complexas. Independente do seu formato, a família, nosso berço, tem sim um peso na formação dos indivíduos. Podemos passar a vida lutando contra isso, ou resignados ao extremo quanto a nossa situação (e todas as posições possíveis no espectro descrito acima). Todavia, o lar onde somos criados tem um impacto decisivo na construção do nosso caráter e personalidade. São ecos que reverberam ao longo da caminhada. São as nossas mais tenras memórias afetivas...
Afetos são sentimentos, impactos emocionais imprescindíveis na nossa existência. A vida sem afetos é plana, sem sabor. Seja alegria, amor, raiva, ciúme e até mesmo a tristeza, esses temperos existenciais ajudam a coordenar nossa motivação e comportamento. Falo em auxílio, pois nossos afetos não determinam nossa existência (pelo menos não deveriam) – afinal, somos seres racionais!
Como já descreveria Jane Austen em “Razão e Sensibilidade”1, a balança entre razão e emoção vai ser uma constante outorgada em nossa mente.
Diante disso, imagine, leitor, o peso dos primeiros afetos, das primeiras impressões em nosso cérebro. Aqueles que nossos pais e os que compõem nosso núcleo familiar vão imprimir em nossa mente... O cuidado que tivemos quando éramos bebês, as brincadeiras ao redor da mesa ou os erros e descompassos dos nossos genitores. Falo sim de mecanismos inconscientes, memórias reprimidas, coisas que talvez “esquecemos” – contudo estão lá, marcando e moldando nosso ser.
Pensar assim nos faz entender que a família, esse lugar de memórias, deve ser um refúgio. E como tal, deve ser preservado pela sociedade como um santuário, como um lugar protegido em que a liberdade, os afetos e a criatividade possam se desenvolver.
Se nossa família primitiva não foi um esconderijo seguro na nossa infância, que tal redefinir isso (dar novos sentidos) e encontrar na sua família atual esse espaço? Que tal DAR aos outros afeto, limites e segurança para tê-los de volta na forma de AMOR? Que tal perdoar, sublimar, elevar-se por meio da cura das emoções? Pois como diria o sábio Francisco de Assis, “é dando que se recebe”2. Tarefa fácil? Não. Mas sem esse tipo de aventura emocional, caminharíamos para uma vida insossa.
2 – Oração de São Francisco
3- Trailer do filme Razão e Sensibilidade:

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