sábado, 28 de dezembro de 2019

Entre o BURNOUT e o KNOCKOUT: Quando o trabalho perde o prazer






Metas, objetivos, filhos, supermercado, superação, casamento, afetos, dívidas, mestrado... São tantas as demandas na vida atualmente que em alguns momentos nos sentimos totalmente desfalecidos. Vivenciar jornadas duplas ou triplas não é incomum para o cidadão contemporâneo, e a busca por alvos outrora longínquos para geraçõ
es passadas é hoje um imperativo. Entretanto, qual o verdadeiro reflexo disso no campo da nossa saúde mental?

O termo americano (e não francês, como alguns cogitam) Burnout traz a ideia do verbo “burn” (queimar) e “out” (fora). Literalmente expressa o pensamento de “queimar para fora”, “queimar em expansão”, “consumir-se”, “esgotar-se”. Forjado por Chistina Maslack (1981)1, atinge grande número de pessoas no mundo. Um trabalho realizado em um hospital na cidade de Natal/RN, onde resido, encontrou prevalência de Burnout superior a 40% nos funcionários entrevistados2. É um número bastante expressivo! A ocorrência varia de acordo com as pressões a que são submetidas as pessoas, os fatores de resistência interna e os momentos que passam cada um. A Síndrome de Burnout é então um conjunto de sinais e sintomas comportamentais que expressam justamente isto: um esgotamento mental. A síndrome é fundamentada em três pilares.

O primeiro é a alta exaustão emocional:
“Não aguento mais esse trabalho, me sinto totalmente consumido...”
Sabe aqueles momentos em que nos sentimos sem forças nem para sentir? Quando nossa mente cai naquele oco, naquele vazio existencial, como se nossas emoções estivessem em colapso total? É disso que me refiro aqui. Uma exaustão afetiva que pode ser expressa por crises de choro ou de ansiedade (angústia, medo de morrer, taquicardia, falta de ar), ou por um certo cinismo diante da vida. Imagine que nossas emoções são como montanhas: ora subimos de alegria e ora descemos de tristeza (e isso faz parte da existência). Na Síndrome de Burnout, com exaustão emocional, podemos ficar com as emoções em total explosão, ou ficamos como que aplanados, sem emoção. E esse cinismo nos levará ao segundo pilar.

Despersonalização
:
“Não aguento mais suas perguntas sem sentido! E se está insatisfeita, procure outra loja, senhora!”
Nossa personalidade engloba, entre outras coisas, o temperamento (inato) com as vivências, formação, criação, escolhas, caráter... É algo um pouco complexo para uma frase, acredite. Não obstante, tão essencial à formação do nosso ser, à concepção de quem somos. Assim sendo, a ideia de “des-personalização” vem atrelada à ideia de deixar de ser quem somos. Fazer coisas que jamais faríamos antes. Exemplo categórico: um vendedor gentilíssimo que “abruptamente” começa a destratar clientes, gritar pessoas, perder o controle com facilidade. Ele está fazendo coisas que talvez jamais fizesse antes. Ele talvez esteja despersonalizando nesse sentido.

E o terceiro e último pilar é a baixa realização pessoal:
“Por que escolhi essa profissão mesmo? O que é que estou fazendo aqui? Esse emprego não tem nada a ver comigo!”
Achar-se frustrado, inútil ou mesmo pouco produtivo podem ser sinais de que o indivíduo está insatisfeito com seu trabalho.
Identificar um ou até mesmo os três pilares descritos acima são indícios de que talvez você esteja sofrendo dessa Síndrome. Apesar de não ser reconhecida pelo DSM V (manual norteador dos diagnósticos em psiquiatria) como uma entidade própria e de não possuir uma base biológica muito clara, o Burnout é um preditor de episódios de ansiedade ou depressão e pode estar atrelado à ideação suicida. Cuidadores de pessoas adoecidas, estudantes, profissionais liberais e categorias afins podem ser mais facilmente acometidos. Psicoterapia e algumas medicações podem ajudar, mas sem dúvida, nesse quadro, a MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA É FUNDAMENTAL. Às vezes, dar um freio no trabalho ajuda, ou até redefinir metas e funções.
O importante é se perceber e procurar auxílio. Lembrando sempre que “onde está nosso tesouro, aí está nosso coração”3.

José Medeiros – Psiquiatra

REFERÊNCIAS:

1 – Maslach, C. & Jackson, S. E. (1981). The measurement of experienced burnout. Journal of Ocuppational Behavior, 2, 99-113.


2 –Vital, Ana Luísa Fernandes. SÍNDROME DE BURNOUT E ANSIEDADE EM TRABALHADORES EM SAÚDE MENTAL: ENFRENTANDO UMA REALIDADE SILENCIOSA. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Medicina) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientador: José Medeiros do Nascimento Filho.


3 – Bíblia Sagrada. Mateus, Capítulo 6, Versículo 21.

4 - CARLOTTO, Mary Sandra; CAMARA, Sheila Gonçalves. Características psicométricas do Maslach Burnout Inventory - Student Survey (MBI-SS) em estudantes universitários brasileiros. PsicoUSF,  Itatiba ,  v. 11, n. 2, p. 167-173, dez.  2006 .   Disponível em . acessos em  23  dez.  2019.

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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Educação em Pauta - IFRN Campus Natal - Zona Leste



Entrevista com José Medeiros do Nascimento Filho, médico psiquiatra, médico da família e professor do Departamento de Toco-Ginecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) sobre o projeto de extensão Coração Azul e a respeito da campanha nacional Setembro Amarelo.

Feliz Natal